De vídeos amadores a premiações da indústria do entretenimento adulto, Vitória Schwarzeluhr, ou melhor, Dread Hot, bate números expressivos em todas as mídias e mostra que tem talento de sobra

fotos / fotomontagem capa_ Jeferson Gomes / cabelo e maquiagem_ Kellly Dias / stylist_ Yohan / assistente de fotografia_ Alfredo Matias / videomaker_ RSilva

instagram_ @dreadhot

agradecimentos_
brincos_ Rodrigo Massot @rodrigomassot
óculos_ Random Co Sharing @randomcosharing
bota preta e scarpin dourado_ Eleven Eleven @elevenelevenoficial / @duopressassessoria
jaqueta, camisa, tops e shorts_ Forever 21 @forever21brasil / @blueboxcomunica
aline lingerie_@alinelingerie
produtor de automóveis_ Dino Dragone @dinodragonereal

 

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Brida Nunes - Revista SEXY Setembro 2019 - Sexy Clube

 

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Dread Hot (Vitória Schwarzeluhr), 26 anos, de São Paulo – SP

Dread, apresente-se e fale um pouco sobre você.
Bom, todo mundo me conhece como Dread Hot, mas me chamo Vitória. Nasci em Santos e morei por lá por muito tempo. Publicitária formada, mas sigo carreira no entretenimento adulto por amor. Comecei como camgirl há mais ou menos 3 anos, mas passei a estudar mais sobre atuação e entrei no ramo dos filmes. Hoje, estou focada na direção e produção de filmes com a minha produtora, Fever Films.

Como começou sua carreira?
Iniciei minha carreira no mercado adulto através do camming. Sou formada em publicidade e, na época, trabalhava em uma agência lá em Santos. Uma conhecida me disse sobre um site brasileiro de transmissão e me interessei, porque até então sabia que existia apenas sites gringos. Como já namorava o Alemão, fui até ele contar minha curiosidade e ele também se interessou. Começamos a se transmitir individualmente e também em conjunto. Amamos, enfim. Depois vieram os vídeos amadores e uma proposta incrível para atuar num filme que tinha super a ver comigo, e que aliás, foi com ele que recebi meu primeiro prêmio da Sexy Hot, em 2018.

Então, Tem namorado?
Sim, tenho namorido, (risos). Moramos juntos e trabalhamos juntos também.

Da publicidade pro camming… como foi essa mudança?
Foi muito rápido para eu decidir largar meu emprego para me dedicar ao camming, mas todo o resto foi gradativo… demorou um pouco para eu falar pra minha familia e meus amigos, por exemplo. Agora todo mundo sabe e entende. Foi difícil, mas necessário, sabe? O camming mudou minha forma de pensar, de me relacionar, foi bom pro meu conhecimento próprio – tanto do meu corpo quanto da minha vida.

Você acabou de ganhar em três categorias na premiação do Sexy Hot 2019, como se sentiu? e O que isto representa?
Sinceramente, eu não esperava! Foi incrível, porque mostrou a dimensão do meu trabalho. A cada mês estou fazendo algo diferente, apostando em algo diferente… e ganhar três prêmios na maior premiação do pornô com voto popular só mostra o quanto sou querida e que estou no caminho certo.

De onde veio seu nome?
É um pouco óbvio, (risos)… Dread, por conta do meu cabelo e estilo, e Hot porque faz referência ao Red Hot Chilli Peppers, banda que sou fascinada desde pequena. Um codinome fácil, rápido e cômico.

Seus números nas redes sociais são bem significativos. a que você atribui isso?
Mais do que criar um conteúdo que o meu público se identificasse, eu quis criar uma estratégia para começar a ganhar visibilidade com públicos diferentes, e não só o consumidor de pornô ou de assuntos +18, sabe? Então, há mais ou menos um ano, tenho uma equipe que me ajuda na criação de estratégias específicas e pontuais. No YouTube, fiz collabs com influencers de diferentes meios, passei a ter vídeos voltados só pras mulheres e com assuntos diversos. No Instagram, posto um conteúdo mais sensual, claro, mas também dou essas diquinhas de relacionamento e sexo. O resultado disso tudo foi que eu consegui criar um nicho muito diverso, que nem sempre é consumidor do pornô. E isso é legal, porque acabo conseguindo abrir muito a cabeça desse pessoal em relação a indústria e ao que existe de bom dentro dela, já que geralmente quem não tem contato, acaba carregando muito preconceito sobre o pornô.

Além do pornô, você considera mais alguma coisa?
Fiz uns trabalhos na música e fiquei conhecida no mundo dos games por conta de uma participação no canal do Aruan no YouTube e uma propaganda que fiz pro CS. Também participei de três clipes musicais nos últimos meses. Um da galera do 2P (Pollo e MC Pedrinho), um do Konai onde contracenei com a Tati Zaqui e outro do Lil Lixo. A galera da cena do RAP/TRAP meio que me “adotou” depois disso tudo, sabe? Surgiram várias músicas com meu nome, é engraçado. Por conta disso tô até querendo fazer uma música… vamos ver, (risos).

O que difere essa nova geração do pornô para as anteriores?
As produções estão evoluindo, as mulheres entraram na cena em cargos atrás das câmeras e existem roteiros mais feministas, que agora pensam em agradar a todos, e não só os homens. Antigamente, o pornô era feito para os homens e na visão de um homem. Com a entrada da mulher na indústria, os conteúdos vem sendo mais sensíveis e mais verdadeiros, com orgasmos reais e históricos em que as pessoas realmente possam se identificar e sentir tesão. A única coisa ruim é que com a vinda da internet, os caches estão mais baixos, principalmente aqui no Brasil. Antigamente, uma atriz pornô era muito mais valorizada por não ser fácil o contato com as mesmas, e hoje tudo está mais fácil, a comunicação, gravação, enfim…

Como está atualmente a produção no Brasil?
Hoje vejo uma grande evolução de algumas produtoras e do próprio cenário, mas o Brasil está realmente um pouco longe de ser bom como lá fora, tanto em roteiro, organização, cachês e na entrada das mulheres em posições importantes. Ainda existem produtoras focadas em canais de TV, mas a internet vem dominando, dando espaço para criadores de conteúdo, como as próprias camgirls.

Qual a diferença Entre os vídeos amadores desses sites que você citou e os filmes que você foi premiada por exemplo?
Os amadores são feitos, principalmente, por criadores de conteúdo de forma independente, já os filmes profissionais são mais produzidos. Pensa-se em tudo, desde a pré-produção até a pós. Temos uma preocupação enorme com roteiro, personagens bem construídos, locação adequada, equipamentos de qualidade, preparação de elenco, figurino, entre outros aspectos como edição de vídeo, áudio e marketing de lançamento.

Já passou por algum momento desconfortável nos bastidores ou gravando? Como você lida com eles?
Já sofri diversos tipos de situações desconfortáveis dentro e fora dos bastidores, que vão desde diretor que não sabe ouvir e respeitar um não, até preconceito que vem de gente que já está dentro da indústria. Enfim, tento seguir firme e profissional em todos os aspectos da minha vida. Todo esse preconceito e machismo me forçou a aprender dizer não e a não aceitar de jeito algum certos tipos de atitudes.

Como é o bastidor de uma gravação pornô?
Uma gravação pornô é igualzinha a qualquer gravação de outro segmento, porém com uma cena sexual explícita no meio. Os roteiros tem história, diálogos, enfim… Na gravação da cena de sexo nunca tem platéia assistindo, os atores e as equipes tem hora pra tomar um lanchinho, pra fazer e retocar a maquiagem, para ensaiar com preparador de elenco… E os atores que vão gravar nem sempre se conhecem e isso dificulta um pouco em questão de sintonia e afinidade. Mas, é sempre saudável ter uma conversa séria com os dois separados e juntos. Geralmente, gravamos a cena de sexo no final da diária, pra dar um tempo pra ambos se aproximaram e ficarem mais à vontade com a presença do outro. Na Fever, oferecemos um código de segurança para atriz caso ela esteja se sentindo desconfortável no meio da cena, acho isso muito importante, porque assim criamos uma relação mais próxima da atriz com a produtora pra ela ter mais liberdade pra parar a cena em qualquer momento que ela se sentir pressionada.

Com quantas pessoas (contando os bastidores) dá pra fazer um filme?
Geralmente, a equipe é bem enxuta, com 4 ou 5 pessoas. Vídeo amador é você e a câmera, mas filmes exigem um profissionalismo, e então é essencial ter uma galera a mais.

Você ganha muito dinheiro? Dá para falar que é bem de vida?
É o suficiente para viver bem e de uma forma confortável.

Rola sentir tesão e gozar de verdade?
Na hora do sexo, rola de tudo. Depende muito do clima da equipe e dos atores entre si. Eu mesma já gozei várias vezes em cena, talvez eu tenha um pouco de fetiche em ser filmada, então isso já facilita, no meu caso.

Qual pegada você curte mais?
Curto um pornô mais progressivo, romântico no começo e selvagem no final, com enforcadas e gemidos altos.

E qual você não gosta?
Não sou daquelas que curte o tipo de cara que humilha e xinga na hora da relação sexual, isso me broxa demais.

Como é a relação com seu namorado?
É incrível, uma relação que eu nunca imaginei que teria. Entramos na indústria juntos e a forma que a gente cresceu juntos é linda de sentir e vivenciar. É uma parceria que temos dentro e fora do pornô, que nos traz muito respeito e apoio um pro outro.

E o sexo?
Não é porque sou atriz pornô que obrigatoriamente eu transo todos os dias. Muitas pessoas me perguntam se eu só penso em sexo, mas a verdade é que não. Por trabalhar com sexo, esse assunto virou muito normal pra nós, não é mais um tabu e está na nossa rotina. Tem dias que eu fico o dia todo fazendo shows na webcam e realmente não tô a fim de transar depois, então não ligo do Alemão assistir pornô e bater uma sem mim, isso acontece comigo também. Mas, tirando esses detalhes que muitas pessoas se chocam ao saber, temos uma vida sexual bem comum.

Qual parte do seu corpo mais gosta?
Olhos, peito e cabelo.

Você pensa ou já pensou alguma vez em sair do ramo do entretenimento adulto?
Desde o dia que entrei isso nunca me veio à cabeça. Claro que já pensei em parar com os shows na webcam e com a atuação futuramente, por questão de tempo e porque meu objetivo maior hoje é direção, produção, roteiro e empreender na minha produtora. Mas quero viver pra sempre nesse meio. Me sinto segura, confiante e sei que posso mudar a cabeça de muitas mulheres e homens fazendo e falando sobre um sexo saudável.

O que você busca no futuro? Quais os planos?
Como eu disse, não penso em parar de atuar por ora, mas quero aprender coisas novas e expandir a minha carreira de direção e produção. Foi por isso que criei a Fever Films com um sócio, de uma empresa chamada Digital X. Nossa ideia é trazer elementos do pornô lá de fora, que ainda não são muito usados no Brasil, para produções brasileiras, mas com uma pegada musical, indie e com questões de videoclipe envolvidos. Queremos criar e estabelecer um novo conceito no pornô em conjunto com um time de atores incríveis e já conceituados no mercado, que assinaram com a produtora: Alemão, Emme White, Mia Linz, Nego Catra, Mário e eu, claro, (risos). Além disso, quero continuar trazendo conhecimento através do meu canal no YouTube, QG da Dread, com assuntos e debates para que as pessoas que não tem contato com o pornô entendam que só vamos acabar com o “pornô ruim” fazendo e consumindo um pornô ético e mais saudável para todos.