Um bate papo com Leandro Souza, empresário de sucesso e dono da rede de franquias Espetto Carioca
fotos_ Janderson Pires / por_ Isabela Canevari
Depois de lançar 29 lojas entre Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, freqüentadas por famosos e “globais”, e, por transformar churrasquinho de rua em comida elitizada, não é precoce para esta revista eleger o jovem carioca Leandro Souza (34) como o Homem do Ano.
Filho único da ex-empregada doméstica, Almerinda Pereira de Souza e do ex-porteiro, Waldo Oliveira Souza, Leandro nasceu em Anchieta, no subúrbio do Rio de Janeiro. Começou a trabalhar aos 13 anos de idade e, desde então, não parou mais. Foi office-boy, entregador de pizza, garçom até se tornar piloto de avião e proprietário do Espetto Carioca, um dos bares/restaurantes mais badalados da Cidade Maravilhosa.
Esta é a primeira entrevista do cobiçado empresário de 1m84 e 95k onde ele abre sua casa e nos conta mais sobre sua vida.
Leandro, a sua história não é nem um pouco comum. O empreendedorismo é um traço marcante na sua personalidade. Em que momento essa característica se sobressaiu?
Eu sempre me destaquei como fazedor de negócios. Eu lembro que desde pequeno eu negociava os meus brinquedos, trocava botão e figurinha por fita de vídeo game. Mas, eu também gostava muito de jogar futebol, soltar pipa e jogar botão.
Então, desde criança você gostava de inovar?
Minha vida foi me levando para desafios, e eu nunca tive medo de enfrentar o desconhecido. Meu maior desafio se deu aos 19 anos, quando decidi largar tudo e morar nos EUA, sem falar inglês e com apenas mil dólares no bolso. Depois de dois anos morando lá, eu consegui juntar dinheiro, me tornei empresário nos EUA, abri uma empresa de Vallet Parking, consegui me formar piloto comercial de avião, fui contratado pela American Airlines e decidi voltar para o Brasil em 2009, por conta da crise mundial
Nos EUA qual foi sua maior dificuldade?
Sem dúvida, a língua. Não falava nem “hot dog”. Além disso, trabalhava muito, dormia cerca de 4 horas por dia. Tinha 3 trabalhos e cheguei a dividir um quarto e sala com oito homens. Imagina como era a casa?!
Você acha que a infância modesta te ajudou a enfrentar melhor essas dificuldades?
Apesar de meu pai ter trabalhado como porteiro e minha mãe empregada doméstica, eu nunca passei por necessidades. Nunca passei fome. Eles se organizavam para que nunca faltasse nada para mim. Não tinha luxo, nem ostentação, mas, nunca me faltou nada. Com muita honestidade e dignamente eles conseguiram me criar. Eles me passaram valores que dinheiro nenhum compra. Eu trago isso comigo.
Como foi sua vida na adolescência?
Eu tenho um orgulho enorme de contar minha história, de falar sobre onde vim e de tudo que os meus pais fizeram para que eu fosse um cara do bem. Educação era prioridade para os meus pais, eles queriam que eu estudasse e eles não mediram esforços para concretizar esse ideal. Minha juventude foi no Recreio, morávamos num quarto de zelador do prédio em que meu pai trabalhava. Posso dizer que minha juventude foi melhor do que a infância, porque eu tive acesso a realidades bem diferentes da que eu vivia. Isso me incentivou a crescer.
E o trabalho? Como você começou sua vida profissional?
Comecei minha vida profissional fazendo “bicos”. Aos 13 anos de idade eu entregava jornal e logo depois consegui trabalhar em uma revista de bairro no Recreio. Esta oportunidade na revista foi única, pois, eles me incentivaram a fazer uma faculdade. Mais tarde, quando decidi sair do Brasil eles me apoiaram. Até hoje sou grato aos donos.
Aos 17 anos de idade ingressei na Universidade, eu cheguei a cursar Comunicação Social, habilitação em Jornalismo. Mas, aos 19 anos surgiu a oportunidade de ir para os EUA (eu tinha o sonho de ser piloto de avião) e com apenas mil dólares no bolso eu embarquei.
Você já sofreu algum tipo de preconceito?
Sim. Pela minha condição social, enfrentei alguns preconceitos de pessoas estranhas. Meus amigos, os que tinham condições financeiras nunca me destrataram, sempre me trataram de igual para igual. É por já ter passado por este constrangimento que eu trato todo mundo bem. É uma atitude extremamente ignorante destratar as pessoas por cor, sexo, nível social, ou seja, lá o que for.
Como você se tornou um dos jovens mais bem-sucedidos do Rio de Janeiro? Como surgiu o Espetto Carioca?
Saí dos EUA com a ideia de abrir, em sociedade com um amigo, aqui, no Rio, um restaurante de comida mexicana. Analisei alguns fatores e vi que não daria certo. Chegando ao Brasil, reencontrei um amigo que vendia carnes, foi quando decidi criar o Espetto Carioca.
Como surgiu a ideia de elitizar o churrasquinho de rua?
Eu sempre fui um cara muito inquieto, eu penso em tudo o tempo todo, e sempre crio um plano B. Inicialmente a ideia era abrir um restaurante mexicano conforme citei acima, mas logo vi que não daria certo por uma série de fatores, inclusive por conta localização. Como relatei, anteriormente, eu tinha um amigo no Rio que era fabricante de churrasquinho de rua. Foi quando eu tive o insight de transformar esse churrasquinho num bar transado, com atendimento e chope gelado. Queria fazer um point de gente bacana e comida saborosa. É um tipo de comida que alimenta, todo mundo gosta e cai bem a qualquer hora. O cheiro te convida. Muitas vezes, as pessoas não comem o churrasquinho de rua por medo, por não saberem a procedência do alimento, a forma como são armazenados, as condições de higiene. Num bar ou restaurante, elas se sentem mais seguras em consumir o ‘churrasquinho de rua’, porque é um lugar em que se pode confiar.
Atualmente, são 29 lojas entre Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais? Existe previsão de abertura de novas unidades?
Sim. Temos a previsão de nos próximos 12 meses abrir mais 10 lojas entre São Paulo, Belo Horizonte e Espírito Santo.
E sobre o crescimento da marca?
Entramos no mercado de franquias em 2012, e em 5 anos já somamos 29 lojas com Foodtrucks, e diversas carrocinhas para atender a grandes eventos: Sapucaí (Carnaval), grandes shows (Roling Stones). A ideia é atender eventos de pequeno, médio e grande porte, como nas Olimpíadas Rio 2016. Já estamos com novos projetos que entrarão em vigor ainda este ano. Crescemos cerca de 30% a cada ano. Em 2017 não faremos diferente. Somos agressivos no crescimento, mas, priorizando sempre o planejamento de tudo.
Existe algum novo projeto da marca?
Sim. Temos o projeto do Container. Já fechamos 3.500 pontos de venda junto a uma grande rede de postos de gasolina. Estamos apostando nossas fichas nesse novo e grandioso projeto.
Profissionalmente como você se imagina daqui há 10 anos?
Ainda temos muito para fazer e crescer. Eu costumo dormir 4 horas por dia e, às vezes, ainda acordo no meio da noite com novas ideias. Eu não quero que o Espetto Carioca seja uma “modinha”. Eu e minha equipe trabalhamos muito para construir uma marca sólida, que seja referência no mercado brasileiro. Eu desejo ver o Espetto em vários países. Estamos trabalhando muito para isso.
Jovem, solteiro, bonito e bem-sucedido, como você lida com o assédio feminino?
Isso não acontece não… rs.
Como é a mulher ideal para Leandro Souza?
Eu cresci em um lar bem estruturado. Minha mãe sempre esteve ao lado do meu pai para tudo e vice-versa. É isso que eu quero para mim: uma mulher inteligente, companheira, parceira, boa mãe, divertida e leal.
Pensa em casar? Ter filhos?
Claro que penso. Ser pai é um sonho que quero muito realizar.
Como aproveita suas horas vagas?
Eu gosto de estar com meus amigos, com meus pais, bebendo um bom vinho, gosto de receber as pessoas na minha casa. Também jogo futebol sempre que possível. Estou aprendendo a tocar violão, eu adoro cantar. Acabei de comprar um cachorro, o Espetto, que já é um filho que tenho.
Olhando para trás qual a lição que fica?
Que sonhos existem, mas é preciso percorrer o caminho para realizá-los. Obstáculos nos fazem crescer, e desafios são nossos impulsos! Não podemos usar desculpas.
Você já realizou todos os seus sonhos ou ainda falta alguma coisa?
Falta um filho! Eu quero muito ser pai. Poder ensinar para o meu filho as coisas que meus pais me ensinaram, que eu aprendi. Serei um homem ainda mais completo e feliz quando este momento chegar.
Leandro x Leandro?!
Eu sou muito exigente. Eu sou exigente comigo e com meus colaboradores. Sou rígido, observador, eu cobro, eu pergunto, tudo, eu quero saber. Sou visionário, mas com os pés no chão. Fora do trabalho, me considero um cara divertido, bom de papo, e do bem.