Cervejas sem álcool

As cervejas sem álcool vieram provar para você que é possível beber breja gostosa sem ficar chapado

por / Bianca Castanho / fotos / Beard Studio

ALVO DE PRECONCEITO, olhares enviesados e expressões de nojo, a cerveja sem álcool é, injustamente, classificada como uma bebida ruim. Tudo bem que sua prima, a cerveja alcoólica, conquistou muito mais fãs do que ela, mas a cerveja sem álcool não merece ser tratada com desdém. Ela pode – e é! – uma bebida tão boa quanto a outra, mas está enquadrada na categoria de bebidas nutritivas. Isso mesmo: enquanto a cerveja com álcool é boa para dar barato, a outra costuma ser isotônica, por isso é consumida por atletas sem dó nem piedade. “As cervejas acabam ficando com todos os açúcares e proteínas provenientes do malte, então são mais calóricas e nutritivas, pois o mosto é nutritivo”, explica Kathia Zanatta, proprietária e professora do Instituto da Cerveja Brasil, que oferece diversos cursos sobre o universo cervejeiro. O mosto, para quem não sabe, nada mais é do que malte moído, água e lúpulo – ou seja, a breja antes da fermentação. É por isso que praticamente toda cerveja sem álcool tem esse jeitão de suco, facilmente percebido no aroma.

Cerveja sem álcool - Matéria - Revista Sexy

O nome “sem álcool” é uma maneira de enfiar esse tipo de bebida debaixo de um guarda-chuva, mas a real é que 0,0% é difícil de encontrar. Por isso que, de acordo com a legislação, bebidas com até 0,5% de álcool já entram no balaio dos sem álcool. Logo, a cerveja pode ter, sim, um pouquinho de graduação alcoólica, mas é tão pequena que nem é considerada. “Qualquer outra bebida não alcoólica pode ter esse valor. No suco pode ser iniciada a fermentação naturalmente, pelo grau de amadurecimento da fruta, por exemplo”, explica Kathia.

Existem dois métodos recorrentes para chegar à famigerada bebida: fermentação interrompida e desalcoolização. O primeiro é o mais utilizado e é o responsável pelas características de doçura e calorias. Basicamente, você faz a cerveja normalmente, e ao adicionar a levedura deixa a fermentação acontecer só um pouquinho. “Ela dura mais ou menos umas 12, 24 horas. É suficiente para dar um início de cor e manter o aroma do mosto”, diz Kathia. Já na desalcoolização, você deixa a cerveja ficar completa, depois retira o álcool. “Ela passa por um desalcoolizador, que extrai tudo e deixa a bebida com 0,0% de álcool. É quase um destilador a vácuo, dá para tirar o álcool, com pouco aquecimento”, conta.

Fato é que beber uma cerveja sem álcool pode ser uma experiência mais agradável do que parece. Para provar isso, convidamos professores e ex-alunos do Instituto da Cerveja Brasil para experimentar 9 tipos diferentes de geladas e dar o seu veredicto. Sem saber que raios estavam bebendo, os jurados analisaram as cervejas sem álcool, tanto de trigo quanto de cevada. Para eles, as de trigo se saíram melhor por manter uma consistência nos elementos da bebida. Os critérios analisados foram cor, espuma, brilho, aroma, amargor, sabor, carbonatação, aftertaste e impressão geral. A nota máxima era 48. Veja como ficou nosso ranking.

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1° LUGAR
ERDINGER ALKOHOLFREI GARRAFA
GERMAN WEISSBIER
41,5 PONTOS
Não foi a preferida dos jurados, mas a que mais pontuou. Pra Fernando “é boa para o padrão brasileiro, com menos caráter de mosto”. Alex afirma que ela tem “boa carbonatação”.

2° LUGAR
KROMBACHER WEIZEN
WEIZENBIER
40,75 PONTOS
Por pouco não foi a vencedora, uma cerveja que se destacou pelo equilíbrio. “Os aromas dão mais graça, tem algo de banana. Uma carbonatação equilibrada”, explica Fernando. Alex achou que “tem mais caráter”.

3° LUGAR
PAULANER HEFE-WEIZBIER
WEIZENBIER
38 PONTOS
Outra de trigo. Ela tem um pouco menos de dulçor. “Eu achei mais seca, menos enjoativa, tem melhor drinkability”, opina Kathia. Fernando, no entanto, achou que “o aftertaste não impressiona muito”.

4° LUGAR
CLAUSTHALER
LAGER
36,5 PONTOS
A Clausthaler, uma cerveja bem lupulada, caiu no gosto de Kathia, que se impressionou: “o aroma de lúpulo intenso, o mosto ficou em 2º plano, o amargor é bem persistente. Gostei!”. Alex, porém, achou a espuma sem graça.

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5° LUGAR
PROVÍNCIA
GERMAN PILSNER
35 PONTOS
A latinha da Província não impressionou muito. “Parece que o açúcar e o amargo disputam; não tem equilíbrio. É média”, afirma Fernando. Para Kathia, “tem um amargor floral”, e para Alex “o aftertaste é desagradável”.

6° LUGAR
ERDINGER ALKOHOLFREI LATA
GERMAN WEISSBIER
34 PONTOS
A Erdinger em lata foi mal. “Achei que tem um diacetil muito forte, uma coisa de manteiga”, comenta Paula apontando um defeito. Fernando notou isso como “cheiro de doce de leite”.

7° LUGAR
ESTRELLA GALICIA
AMERICAN LAGER
31,25 PONTOS
A versão não alcoólica da Estrella Galicia foi resumida como sulforosa. “Ela tem uma mistura de diversos aromas desagradáveis”, opina Paula. Alex classificou a cerveja como “padrão”.

8° LUGAR
KROMBACHER PILS
GERMAN PILSNER
29 PONTOS
A pilsen da Krombacher ficou bem mal-colocada. “Ela está oxidada, toda metálica, com gosto de papelão. Parece envelhecida, deve estar perto da data de validade”, opina Kathia. Não estava.

9° LUGAR
BITBURGER DRIVE
GERMAN PILSNER
24,5 PONTOS
A Bitburger Drive foi a pior da degustação. “Tem cheiro de cinza!”, comenta Fernando. “O amargor é desagradável”, classificou Alex. Paula concorda: “o metálico é aparente e prolonga-se, fica residual”.

TODAS AS CERVEJAS SÃO ENCONTRADAS NO SITE COSTI BEBIDAS (COSTIBEBIDAS.COM.BR) OU PELO TELEFONE 51 4042 3396