por / Juliano Coelho e Bianca Castanho / fotos / Chico Muniz
COMO É SER UM MEME?
Sei lá, ainda tô sonhando com tudo isso. Além do meme, do Neymar, do Gabigol, do Lucas Lucco… Para gente de tudo que é tipo pra tirar foto e conversar, né?
VOCÊ FICOU ASSUSTADO NO COMEÇO?
Tô meio assustado ainda. Mas é melhor ficar assustado que ficar acomodado, né? Porque, se tu ficar acomodado, você acha que é o dono do pedaço, tá ligado? E o Todo Poderoso é o criador do céu e da Terra, né? Sempre vou ficar assustado, né?
COMO É SER UM FUNKEIRO EVANGÉLICO?
Sou evangélico a ponto de gostar de ir pra igreja, né? Não sou crente, crente, porque canto funk. Eu sou uma pessoa que gosta de estar na igreja e muita gente confunde, né? Na igreja me sinto muito à vontade, é como se você estivesse na verdadeira casa de seu pai. Pode chorar, gritar, conversar, ouvir, escutar a verdade. Já pisei muito em falso, tomei muito na cara, mas também já dei cabeçada na nuca. Não fui sempre certo, nem santo. Todo mundo tem seu lado ruim. Além disso, gosto de ler a Bíblia e lá fala que você tem que dar os 10%. E eu sou dizimista e gosto disso. Lá fala que, se você não der essa parte, que é de Deus, você pode se amaldiçoar.
FOI DIFÍCIL PRA COMEÇAR NO FUNK?
Ah, eu passava muito debaixo (da catraca) do ônibus por causa dos “baile”. E tinham uns caras que já “bateu” a porta na minha cara, né? Cantei uma vez numa casa lá pros lados de São Miguel (Zona Leste de SP) e o dono desligou meu microfone e me mandou sair da casa. Foi difícil, tá ligado?
POR QUE ELE CORTOU SEU MICROFONE?
Disse que tinha chegado outro MC e que eu precisava sair do palco. Era mentira. Acho que tem muita gente que quer demonstrar poder, né? Não tenho rancor com essa pessoa, mas hoje ela não tem tanto poder porque ela não consegue me contratar mais. Essa pessoa tentou cinco vezes me levar pra cantar lá nos últimos dias.
VOCÊ BEBE?
Parei há algum tempo. Não tenho nem vontade. Minha rotina é trabalho e ir pro culto. Já vivi a fase de beber e ficar numa ressaca, tá ligado? Prefiro ficar num suco e curtir a balada. Aliás, é difícil eu sair. Acho mais da hora ficar sóbrio, vendo tudo o que está acontecendo. E, assim, eu não preciso beber pra ficar tã nã nã nã nã (faz o passinho de “Tá tranquilo, Tá favorável”).
COMO LIDA COM O ASSÉDIO? A MULHERADA CAI EM CIMA, NÉ?
Cai, né? Normal… De um jeito ou de outro, elas mostram o telefone, sabem onde tu mora… Então, eu mantenho minha postura, meu foco. Preciso de uma pessoa que vai edificar nossa vida, né? Que vai ser companheira, amiga… Não que vai simplesmente juntar contigo numa cama só por uma noite, tá ligado? Tenho 22 anos, sou novo, mas acho que isso já passou. Tenho uma história, zelo pela minha vida e pela história da minha família, então enquanto não aparecer uma eu tô suave.
VOCÊ CONSEGUE SACAR RAPIDAMENTE SE A MENINA É INTERESSEIRA?
Tá estampado na lata! Ela chega na sua frente e faz assim com o vestido (puxa a camisa pra cima, revelando a pança). Aí faz uma massagem e fala: “Nossa… que saudade que eu tava de você. Tá malhando? Pô, empresta aí seu WhatsApp. Deixa eu anotar meu número”. Não é uma ideia normal, você vê que rola um interesse.
DE ONDE VEM SUAS LETRAS?
Depende da brincadeira nossa, mas às vezes vem na hora, tá ligado? Mando um áudio pro meu celular. E eu sou uma pessoa assim, se eu eu escrevi a música, eu tenho que ir no estúdio gravar. Se eu chego no estúdio e o cara fala: “Pô, tenho uma pá de trampo na frente”, eu já falo: “Pô, vamo aí, me ajuda aí, te pago um pastel, te pago uma pizza”. De qualquer jeito quero fazer a música. Aí já começo a postar e depois já quero fazer o videoclipe. Acho que é por isso que as coisas estão acontecendo tão rápido. Às vezes querem me segurar, mas eu não gosto. Sou tipo os caras da Arábia, que gosta de ter cinco mulheres. A diferença é que em vez de cinco mulheres, eu quero cinco músicas nas pistas.
VOCÊ FAZIA MÚSICAS MAIS PESADAS, “ESSE BANHEIRO VAI VIRAR PUTEIRO”. SUA VIDA TINHA A VER COM A LETRA?
Sempre fui “vida loka”. Não do crime, mas de curtição. Mas tive várias experiências. De boa, tá ligado? Parei, mas vi as coisas acontecendo. E o que você vê acontecendo quer relatar na música. Igual jornalista. (Bin Laden joga uns pedaços de fritas em cada repórter). Gosto de tumultuar, zoar…
SE COMEÇAR UMA GUERRA DE COMIDA…
Vou tacar tudo o que tem na mesa e mais um pouco. Na brincadeira “memo”. Sem drama. Uma outra vez a gente fez uma guerra d?água que a gente pegava e enchia balde, a gente puxava quem tava dormindo na cama e jogava na piscina. Quando chegava o empresário, todo mundo escondia. Eu era o primeiro a falar: “Vou na padaria, tô com fome”. Sumia do mapa (risos).
NÃO ROLA MAIS?
Tá muito trampo. Mas quando a gente viaja, minha equipe sofre. Esses “tempo” nós fomos pra Cuiabá e tava muito calor. Tinha uma casa que o cara alugou, não era nem hotel. Tinha muita cerveja na geladeira. Começou a guerra e “nóis tava” lá com a geladeira cheia. A casa inteira ficou fedendo a cerveja!. Os caras grudando. Aí, olhei pra casa e falei: “Nossa, tô cansado, mano. Arruma aí, quebrada, não vou conseguir, não”. Coitada da mulher que alugou.
BEBIDA DA VEZ_
Bin Laden tomou suco de melancia e devorou o sanduíche de mignon com fritas, do Bar Brahma
BAR BRAHMA_ Av. São João, 677, Centro | São Paulo, SP. | Tel 3360 5101