Paulo Ricardo conta como foi abortar o projeto do álbum de retorno do RPM, lembra como seu destaque gerou um problema de egos que culminou com o término da banda no fim dos anos 1980 e fala do grupo de whatsapp que tem com Fafá de Belém, Regina Duarte e Juliana Paes para discutir política.

por / Juliano Coelho / fotos / Gabriel Quintão

Paulo Ricardo - Matéria - Revista Sexy

O QUE VAMOS BEBER*?
Adoro vinho, mas aqui sempre tomo esse espumante rosê. Sempre venho aqui e eles já trazem… Saúde! Sabia que SEXY é o nome de minha próxima música de trabalho?

É MESMO? IMAGINO QUE FALA DE SEXO…
Acho que 90% de todas as canções do mundo falam de sexo… “Sexy” é a versão up to date de “Olhar 43”, que era a descrição dos atributos da musa confrontados com a timidez do protagonista. É a musa distante, objeto de desejo platônico. “Sexy” é mais ou menos a mesma situação com a surpresa de que as meninas continuam causando essa reação na gente. E a gente tá sempre buscando novas canções pra descrever esse maravilhamento que elas causam. Em “Sexy”, você está num lugar de festa, no fim de tarde e de repente teu olho bate de frente com uma menina que é espontânea e inocentemente sexy. Sexy sem querer ser sexy.

ENTENDI…
Também tem um pouco a ver com essa geração de modelos que o Brasil produziu de “Olhar 43” pra cá, né? Nos anos 80, as nossas musas eram Luiza Brunet… Depois, com a Gisele (Bündchen), que marca uma geração de meninas brasileiras muito novinhas, que nasceram pra ser angels, né? Essa modelo jovem ocupou um lugar no imaginário que já foi das pin-ups, das atrizes. Hoje são as Giseles, a Alessandra Ambrósio, a Adriana Lima…

E A MÚSICA EM SI, COMO É?
É mais soul que “Olhar 43”, que é uma new wave, dando nome aos bois. Era o auge da new wave e a gente queria fazer uma música pra tocar nas danceterias. “Sexy” é uma mistura da soul music com guitarra psicodélica, as duas coisas de que mais gosto na música. É difícil porque, quando você faz sucesso, fica dentro de um nicho e, se sai um pouco, te acusam de ecletismo. Na carreira solo posso fazer mais do que com o RPM. Não que não pudéssemos, mas o RPM soa de um jeito. Enfim, música não tem idade. Encontrei o Roberto (Carlos) na festa dos 50 anos da Globo e ele falou: “É, bicho, tô naquela fase em que a menina chega pra mim e fala ‘Roberto, minha vó te ama’ (risos)”. Chegaremos lá.

EXISTE ESSA MUSA?
Não. Do mesmo jeito que não existia a musa de “Olhar 43”. Eu era muito míope. A minha pré-adolescência, as primeiras festinhas e paquerinhas, eram todas embaçadas. E o míope aperta o olho pra enxergar um pouco melhor. É muito mais a situação do que uma pessoa. “Sexy” também não vem de uma pessoa, mas de um padrão. Também tem uma coisa: esse universo da modelo já pressupõe que ela comece aos 13, 14, 15 anos. Por isso ela não tem consciência dessa sensualidade, “linda e tão distraída”. Ela ainda não tá exercendo aquilo, não é um jogo de sedução. É uma beleza solar e desencanada.
 
 
*A ENTREVISTA FOI FEITA NO PARIS 6 DA RUA HADDOCK LOBO, 1.159, NO BAIRRO DOS JARDINS, EM SÃO PAULO. PAULO RICARDO É TÃO HABITUÉ QUE TEM PRATO COM SEU NOME (O “SALMÃO PAULO RICARDO”) E UMA CARICATURA SUA NA PAREDE.
 
 
QUERIA FALAR DO DISCO DO RPM, DEUS EX MACHINA, QUE ESTÁ SENDO GRAVADO HÁ ALGUM TEMPO E AINDA NÃO FOI LANÇADO…
Tivemos uma postura, de arriscar uma renovação (com Lucas Silveira, vocalista da Fresno, que foi o produtor do disco). Mas não podemos esquecer que somos uma banda com 30 anos de carreira. E existe uma expectativa por um determinado tipo de som. O que aconteceu é que dois ou três dias depois do começo das gravações, o (Luiz) Schiavon teve um acidente de carro e fraturou uma vértebra. Não foi nada grave, mas ele ficou uma semana no (Hospital Albert) Enstein de bengala, meio sem ar… E ele é fundamental na sonoridade do RPM. O que acabou acontecendo é que o disco ficou com muita guitarra. Porque o Lucas é guitarrista, o Schiavon não tava muito presente e a coisa foi indo. Tanto que, quando ele terminou, houve um consenso de que estava muito pesado. Na temática também. Estava muito pesado pro RPM. Tinha faixas que, se você mostrasse trechos delas pra qualquer pessoa, ela diria que é Foo Fighters. Então, houve um consenso de que iríamos frustrar muitos fãs…

MAS VOCÊ TAVA GOSTANDO?
Sim, mas não faço um CD só pra mim. O Schiavon não ficou feliz, mas ele disse que deixou porque não tava em condições de fluir mais. Ele tava no banco de reservas, contundido. Eram quatro anos sem lançar disco e ninguém precisava desesperadamente lançar. E eu fui pro Superstar e comecei um trabalho solo.Temos seis faixas prontas, mas precisamos voltar pro estúdio, começar do zero. Fazer mais músicas pra dar um todo mais harmonioso e conectado com nosso passado.

DÁ PRA EVOLUIR SEM ROMPER COM O QUE VOCÊ JÁ FEZ?
É uma questão delicada. Quando o RPM volta, é uma decisão que faz você abraçar o pacote e aquelas pessoas com seus defeitos e qualidades. Além disso, essa decisão impõe algumas restrições com as quais temos que ter muito cuidado. Agora, não há com o que se precipitar. O que foi feito foi muito bem realizado. Talvez devêssemos retomar com um produtor mais velho. A injeção do novo que eu queria nós já conseguimos. O Lucas é parceiro e deu dicas muito boas, mas um trabalho lançado é uma espécie de filho. Tem que levar pro resto da vida, tem que defender aquilo. O novo disco do RPM é uma coisa trabalhosa. Muitas pessoas opinam. É feito um investimento grande, não só artístico, mas também em dinheiro. Quem esperou quatro anos espera cinco. Não somos mais os moleques aflitos de 1988. E já temos experiência de ter feito uma coisa heterogênea. Quatro Coiotes, o último trabalho dos anos 80, sofreu com isso. Valeria a pena ter tido esse senso crítico de dizer: “Tá caótico. Vamos fazer mais músicas? Esperar mais?”.

“QUANDO VOCÊ PODE TUDO, ISSO É MUITO PERIGOSO. E A GENTE CONSEGUIU ISSO MUITO JOVEM.”

O QUE ACONTECEU EM QUATRO COIOTES?
O disco vinha de uma necessidade questionável: primeiro, se equiparar ao estrondoso sucesso do Rádio Pirata Ao Vivo, que é o disco mais vendido da história da música brasileira. E, segundo, queríamos mostrar que não éramos somente uma banda new wave com ombreira. Queríamos mostrar outras influências. Queríamos experimentar mais com a música brasileira: colocamos berimbau, chamamos o Bezerra da Silva pra uma participação. É um disco com boas ideias, mas nem todas foram executadas de uma maneira atraente. Pra evoluir, não é preciso acabar com o que veio antes. Essa experiência foi tão traumática que levou ao fim da banda. E a gente estava prestes a fazer isso de novo. Também tivemos problemas empresariais e jurídicos e isso retardou o lançamento de um novo trabalho.

PENDENGA JURÍDICA?
Tivemos problemas com nosso advogado. Ele foi desmascarado por nosso antigo empresário. Quando achávamos que tínhamos detectado o vilão e tínhamos um final feliz, descobrimos que o empresário tava ainda mais louco que o advogado. Nosso meio pira as pessoas. Muitas vezes, os artistas são mais lúcidos, e as pessoas que estão à sua volta é que ficam muito loucas com o sucesso.

VOCÊ AINDA TEM QUE LIDAR COM O SUCESSO DO ÁLBUM RÁDIO PIRATA AO VIVO?
Sim, para o bem e para o mal. Para o bem é o carinho que ficou. Mas o que aconteceu é que, quando você pode tudo, isso é muito perigoso. E a gente conseguiu isso muito jovem. Eu tinha 24 anos e a gente já tinha batido todos os recordes, já tinha contrato com a Sony internacional, tínhamos nossa própria gravadora… De um modo geral, nos livros sobre esse período, o capítulo que fala da gente costuma ser chamado de “Beatlemania brasileira”.

VOCÊS ESTAVAM PREPARADOS PRA LIDAR COM TUDO AQUILO?
Acho que não. Nenhum de nós tinha talento pra essa administração. Tínhamos que ter tido muito mais prudência nas questões paralelas às questões musicais. Mas a vida é toda interligada. A banda foi prejudicada por essas questões todas: pra que ter gravadora? Nenhum de nós estava disposto a conferir o que tava acontecendo. De repente sai um dinheiro da sua conta e você fala: “O que foi isso?”. Tudo isso desgasta a relação. Do ponto de vista da nossa relação com o público e com a mídia, fomos intermediados por pessoas que dificultavam o acesso ao artista. Nós mesmos estávamos no meio de um furacão. Fazíamos seis, sete shows por semana, trabalhávamos o tempo todo. É como estar no meio do Afeganistão tomando tiro e chega um repórter e te pergunta: “O que você tá achando disso?”. É uma coisa assim. Nesses cinco anos da primeira fase do RPM, deixamos, sem querer, muita gente desapontada. Erramos muito e foi um grande aprendizado. Mas enlouquece mais as pessoas à sua volta do que você mesmo.

Paulo Ricardo - Matéria - Revista Sexy

CLARO….
Se tô ali no palco, tô trabalhando. Não é o trabalho do cara que tá fora do palco. Mas ele tá muito próximo da loucura e pra ele ficar inebriado é mais fácil. Eu tenho que ter as coisas sob controle, porque no dia seguinte vai ter outro show. Não pode se deixar levar, tem que segurar. Nós enlouquecemos um pouco. Estávamos superexpostos. Nossos podres foram feitos à luz do dia, na frente de todo mundo, não adianta a gente querer contar outra história. O livro Revelações Por Minuto, do Marcelo Leite, é bem fiel. Assim como o especial da Globo, Por Toda a Minha Vida. Mas, tendo sobrevivido, a gente tem muito orgulho de ter vivido aquilo, de ter o respeito do público, de ter nosso papel na história do rock nacional. Algumas coisas não mudarão, não vão melhorar. Provavelmente muitas vão piorar…

O QUE É QUE NÃO VAI MUDAR?
O temperamento das pessoas. Ao contrário, você vai ficando mais velho e vai ficando ainda mais turrão. Aí que tá a sabedoria de aceitar o pacote, com seus prós e contras. Esse ano demos um grande passo no sentido da maturidade, ao conseguir ter essa decisão dificílima de abortar um disco praticamente pronto. E essa generosidade de dar espaço pra gente fazer outros projetos sem romper com o RPM. Essa última leva de dificuldades nos deixou mais com o pé no chão com relação às questões extra-artísticas. Todo artista de sucesso tem essa preocupação. O (Mick) Jagger estudou economia, a Madonna cuida dos negócios pessoalmente, o Paul McCartney, o Sting…

PARECE QUE O SONHO DO ARTISTA É TIPO “FAÇO MÚSICA, SHOW, TENHO GRANA E NEM LIGO PRO RESTO”…
Exatamente, mas não é assim. Todos os grandes foram roubados por seus contadores: Madonna, Sting, Elton John, Beatles, Stones… Todos. Não adianta achar que tal pessoa é de confiança. Pô, você vê aí que a Ivete teve um puta problema com o irmão dela. E ele se chama Jesus! Você é sacaneado por Jesus que ainda é seu irmão (risos)?! Porra, é um choque.

TODO COMEÇO DE ANO SUA MÚSICA TÁ LÁ NA TRILHA DO BIG BROTHER BRASIL. ISSO RESOLVE O RESTO DO SEU ANO FINANCEIRAMENTE?
Não. Em 2006 houve um processo grande movido pelas emissoras contra o ECAD (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) dizendo que elas pagavam muito por direitos autorais, principalmente a Globo. Isso só se resolveu recentemente. Mas é aquela coisa que você não pode ficar ali, como o Brasil tá hoje, ligado na GloboNews pra saber se aprovaram ou não o Impeachment. A vida tem que seguir! Então, é óbvio, é uma execução maciça naquele trimestre e deveria reverter num autoral bom. Mas o fato é que houve uma ruptura, uma briga de cachorro grande entre a Globo e o ECAD. E todos os compositores e músicos sofreram com isso. Mas é aquela coisa, como a restituição do Plano Collor.

NESSE CASO O PRAZER NÃO É FINANCEIRO…
Meu prazer vem muito mais do desafio de fazer novos arranjos. Já fiz quatro e estou satisfeito com esse agora, que está no CD. Fato é que, quando você faz música, quer que essa sua música seja ouvida, e quando você ouve é muito prazeroso. E além disso é um programa que mobiliza o Brasil, um campeão de audiência, todas as outras emissoras falam dele enquanto ele tá no ar. E o tema toca muitas vezes.

PENSEI QUE VOCÊ GANHASSE O DINHEIRO DO ANO COM DIREITOS AUTORAIS…
O problema é o seguinte: sou só o versionista da música. A canção vem da Endemol para os países que compram o formato. A emissora escolhe o artista, que coloca sua personalidade.

NA SUA FASE ROMÂNTICA VOCÊ FOI ACUSADO DE “VENDIDO” OU ALGO ASSIM?
Muito! A gente compõe sobre o que está vivendo. E eu estava num momento de separação do meu segundo casamento. Estava solo, não mais com banda, e estava cansado do rock. Depois, a influência da fase soul do Roberto é muito grande e nunca tive problema em me ver como cantor popular. E em 90 o rock tava numa fase terrível e meu dia a dia era terrível, típico de quem está se separando. Muito sofrimento, mágoa, ressentimento. Voltei pro Rio em 96 e estar lá te deixa mais calmo, mais MPB. São Paulo é uma cidade mais cosmopolita. E comecei a pensar em um novo trabalho que incluísse essa MPB mais jovem. Compus com Herbert Vianna, com George Israel, do Kid Abelha, pedi música pra Adriana Calcanhoto, regravei Fagner, Caetano, Djavan, Antônio Marcos, que me aproximou do popular e do romântico, do Roberto. E encontrei o Michael Sullivan em um restaurante com a Fafá de Belém, que nos apresentou…

Paulo Ricardo - Matéria - Revista Sexy

QUE JUNÇÃO, HEIN?
Ela é minha amicíssima. Estamos no mesmo grupo de WhatsApp, de política (risos). Ele falou pra eu fazer algo com o Sullivan e topei. Fizemos uma música (“Dois”) que estourou de uma maneira que muita gente achou que eu era um artista novo. Foi tema de novela e foi todo um renascimento. Alguns me disseram que eu seria crucificado porque o Michael Sullivan é o rei do brega. Falei: “Bróder, eu trabalho com música, não com preconceitos”. Gostei da música, fiz uma letra que era uma crônica do que eu estava passando. Foi uma trilogia: o segundo foi uma releitura de algumas canções do Roberto e o terceiro, que foi o CD do “Imagine”, em que dei a fase por encerrada e comecei uma nova luta: a volta do RPM.

COMO O FRONTMAN DA BANDA, O GALÃ ERA VOCÊ. COMO ERA O ASSÉDIO FEMININO?
Nós éramos tipo um Duran Duran. Éramos todos bonitinhos… Era muito mais como os Beatles, com o impacto dos quatro, do que como os Stones, que era mais focado no Jagger. A gente sabe que o vocalista sempre tem mais atenção. Não fui afetado por isso no começo. Chegou um momento, ali em 86, em que isso ficou muito claro e o dano que isso causou à banda foi visível e é uma dessas coisas com que temos de conviver até hoje.

MAS, SE VIREM VOCÊ, O SCHIAVON, O DELUQUI E O P.A., É CONTIGO QUE VÃO TIRAR FOTO.
É… Isso é uma coisa que, no começo, foi bem recebida pela banda, porque queríamos ser um sucesso. Eu tava ali em nome da banda. Quando me destaquei muito, começou a incomodar os egos. Foi um dos fatores que levaram ao fim da banda. É um assunto delicado. Mas tá no pacote RPM de que estava falando. Tenho que conviver com as características deles e eles com as minhas.

COM 24 ANOS, OS HORMÔNIOS LOUCOS, COMO FOI LIDAR COM A MULHERADA?
Sou uma pessoa de relacionamento longo. Libriano é romântico, somos pessoas que casam. Eu tive um relacionamento de sete anos, dos 15 aos 22, e quando o RPM estourou, tinha recém-acabado. Foi muita mudança, muita efervescência. E foi justamente no final de 84 que me separei de minha primeira namorada e conheci a pessoa com quem ia me casar, em 85, com quem tenho uma filha. Não havia essa loucura porque a gente vivia numa correria danada e estava casado, feliz e não queria confusão. É claro que esse clichê da fã acontece. Mas todo profissional bem-sucedido tem seu grupo de fãs, pode ser advogado ou médico.

“QUANDO ME DESTAQUEI MUITO, COMEÇOU A INCOMODAR OS EGOS. FOI UM DOS FATORES QUE LEVARAM AO FIM DA BANDA.”

NÃO FOI UMA FASE DE ESBÓRNIA, ENTÃO…
Não foi. Claro que a gente tomava todas, mas trabalhava muito. Fomos muito profissionais, até um certo ponto, porque a gente queria fazer sucesso, queria fazer tudo direito. As pessoas tendem a criar essa aura de loucura no rock’n’roll, mas, se você for ler uma biografia dos Stones, vai se decepcionar muito com o Jagger, que é seriíssimo. Ninguém tem uma carreira bem-sucedida e longeva só na esbórnia. É muito mais uma coisa daquela energia beatle de você ver as fãs enlouquecidas, uma energia muito boa. Mas a gente sabe que é algo ligado à música, à perfomance e ao sucesso. Não é algo que você emana, como um Zé Bonitinho, que você chega e as mulheres ficam loucas. Havia uma ou outra festa, mas, quando você me pergunta, penso em uma festa que teve em Porto Alegre que nós ficamos literalmente ilhados em uma mesinha no fundo e havia uma centena de meninas paradas olhando pra gente.

MAS A FAMA AJUDA A APROXIMAR…
E afasta… e você vira uma espécie de bicho. Tinha festinhas no hotel, mas não era uma coisa tão romana. Havia uma consciência. Acho até que poderíamos ter sido mais rigorosos. No segundo ano de turnê, a gente já tava seguro, então já tomava umas… Foi mais pé na jaca.

E A QUESTÃO DAS DROGAS…
É, é uma coisa que não tem desculpa nem justificativa pra ser misturada com trabalho. É absolutamente nociva. Depois de uma certa idade, você começa a se preocupar com o que come, então imagina a droga. Mas, quando você é novo e está numa banda de rock, isso é algo que acontece. Mas não é correto dizer que as drogas foram responsáveis pelo fim. Não houve responsável. É como nesse novo disco, foi uma série de fatores.

QUERIA SABER DESSE GRUPO DE WHATSAPP EM QUE A FAFÁ DE BELÉM ACABOU DE ENTRAR… QUEM MAIS TÁ NESSE GRUPO?
Márcio Garcia, Juliana Paes, Malvino Salvador, Maria Fernanda Cândido… É só sobre política. Também pertenço a outros grupos, como o Vem Pra Rua (grupo co-organizador das marchas pró-impeachment), Política Viva… Nas duas últimas manifestações, estive no caminhão do pessoal do Rogério Chequer (líder do Vem Pra Rua) discursando e tal. Todos esses movimentos se interligam e participo de alguns deles. Há muita troca de informações. Há uma empolgação às vezes dos mais jovens, uma revolta, e eu, numa dessas conversas, assumi um tom mais moderado. Tem um momento em que os artistas sentem que têm de fazer alguma coisa com essa mídia que temos. Passamos pelas diretas já e pela decepção com o governo… A Regina Duarte é desse grupo. E ela tem aquela frase célebre do “tenho muito medo” e tal. Então hoje a coisa virou e há um debate sério e profundo. É uma mobilização bacana e passa longe desse oba-oba de querer aparecer por causa disso. Claro que quem fundou uma banda chamada Revoluções Por Minuto não pode deixar de participar.