Claudemir Rastafari o poeta do samba e do pagode.

O compositor tem cerca de 480 composições gravadas. Claudemir já compôs para artistas de peso da música popular brasileira.

foto / divulgação_ Hiperativos produções / Palmer assessoria

Claudemir da Silva, mais conhecido como Claudemir Rastafári, tem 44 anos, é carioca, filho de Ogum e Xangô.

Claudemir é pai de cinco filhos: Rafael, Marcelinho, Carina, Maria Clara e Claudemir Filho, carinhosamente chamado de “Mamizinho”. A carreira musical de Claudemir se deu ainda na adolescencia, aos 16 anos, tocando nas noites carioca. Fez parte de alguns grupos de samba, tais como: Samba Som 7, Senzala, Nascente, Natural, entre outros: “Eu acho que, a noite aumenta a capacidade de memória do artista pelo simples fato de estar a todo momento interagindo com músicos de diversas áreas. Além de tudo, desenvolve a competência de poder trabalhar em qualquer condição. Favoráveis ou não” revela o compositor.
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Mas foi como compositor que se viu realizado, tendo a oportunidade de ver suas músicas sendo cantadas por milhares de pessoas de todas as partes do país. Com aproximadamente 480 canções gravadas, Claudemir Rastafári já compôs para artistas de peso da música popular brasileira: Alcione, Zeca Pagodinho, Reinaldo, Revelação, Caetano Veloso, Arlindo Cruz, Paula Lima, Xande de Pilares, Dudu Nobre, Ferrugem, Leandro Sapucahy, Diogo Nogueira, além dos grupos Fundo de Quintal, Clareou, Imaginasamba, Pique Novo, Sorriso Maroto, Exaltasamba, Bom gosto, Nosso Sentimento, Grupo Raça, Grupo Molejo, Pixote, Só Pra Contrariar, Swing & Simpatia entre tantos outros: “No princípio, eu demorei a acreditar que não era apenas sorte, hoje após alguns anos me dedicando a fazer músicas de qualidade, eu acho que em alguns momentos consigo realmente identificar o que o artista deseja dizer. Música é comunicação, o artista é a minha voz e eu, suas palavras”, revela Claudemir.

Dentre as diversas canções escritas por Claudemir, as mais famosas são Ser Humano e Ogum, cantadas por Zeca Pagodinho; Êta amor, gravada por Péricles e Xande de Pilares; Fala Baixinho, Queiroz e Aventureiro, gravadas pelo grupo Revelação; Se eu Largar o Freio, gravada pelo Pericles; Preliminares e Calma gravada pelo Mumuzinho; A casa Caiu gravada pelo Bom Gosto; Falta de Juízo gravada pelo Grupo Pixote: lembro de uma audição para o CD do Zeca Pagodinho. A primeira vez que eu estive em Xerém em uma dessas reuniões que o Zeca faz com regularidade pra ouvir sambas inéditos. Fui à convite de dois grandes compositores, o Gilson Bernini e Brasil. Na hora das audições não tive a oportunidade de cantar, acho até que o CD já estava fechado. Me despedi da rapaziada e, já na saída do portão encontrei com o Zeca e perguntei se ele poderia ouvir meu samba, meio sem saber o que dizer, ele falou:-Aguarda um minuto vou no escritório e já volto.

Fique ali parado esperando, mais, sem acreditar que ele voltaria. Um minuto depois ele voltou e mandou eu cantar. E foi aí que algo mágico aconteceu. Cantei a primeira parte do samba e já senti que o povo comprou a idéia, cantei a segunda, e quando chegou no refrão o Zeca soltou um “PUTA QUE PARIU”.
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Eu vi a emoção de todos os que estavam presentes e ouvi as vozes de diversos outros autores cantando minha canção inédita, Ogum… Ogum… Ôoo Ogum… Ogum. E essa canção se tornou um grande sucesso na vóz de um Ídolo, relembra o compositor.

Apesar de vasta experiência na arte de compor, Claudemir ainda não havia experimentado ouvir sua música ser cantada no maior espetáculo da Terra, o Carnaval Carioca.

Em 2017, o experiente poeta terá seu samba cantado na Marquês de Sapucaí em sua escola do coração, a GRES Beija-Flor de Nilópolis. A convite do diretor de carnaval da Azul e Branca de Nilópolis, Sr. Laíla, Claudemir e companhia participou da disputa de samba-enredo que tem como tema “A Virgem dos Lábios de Mel- Iracema”, inspirado no livro do escritor cearense José de Alencar.
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Dentre 39 sambas inscritos na disputa, a bela obra composta por Claudemir e seus parceiros consagrou-se campeã: “Na verdade, eu sempre tive o sonho de ter um samba de Grupo Especial no currículo, mas, tinha minhas dúvidas quanto à lisura dos concursos. Quando fui convidado a escrever na Beija-flor de Nilópolis pelo então diretor de Carnaval, Sr. Laíla, eu relutei um pouco, disse a ele tudo que eu achava em relação às disputas de sambas enredos, “O lado bonito e o lado feio da coisa”. Ele então me olhou no olhos e me falou com um misto de irritação e segurança: -Você nao conhece a Beija-flor!

“MEUS ORIXÁS SÃO COMO UMA FONTE DE ENERGIA, SÃO MEU PONTO DE EQUILÍBRIO, E EU PRECISO ESTAR SEMPRE CONECTADO AO MUNDO ESPIRITUAL PRA ME SENTIR FISICAMENTE BEM. O MUNDO FÍSICO E O MUNDO ESPIRITUAL NÃO SE DIVIDEM PARA MIM.”

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Eu disse a ele que isso era uma verdade, que apesar de ser um torcedor doente da escola desde pequenininho, nunca havia pisado na quadra. Ele me olhou nos olhos mais uma vez, em silêncio, pediu que um de seus assessores me entregasse uma sinopse, se despediu, e eu, fiquei pensando… Dias depois eu resolvi aceitar o convite. E Graças a Ogum, Oxósse e Ossanhe deu tudo certo, revela Claudemir.

Definitivamente Claudemir tem o dom de nos emocionar e transmitir alegria através de suas composições, não é a toa que por muitos do meio artístico é chamado de Caneta de Ouro: “Eu amo o que faço e ser reconhecido por isso é muito bom. Mas minha inspiração vem de uma força maior. Meus orixás são como uma fonte de energia, são meu ponto de equilíbrio, e eu preciso estar sempre conectado ao mundo espiritual pra me sentir fisicamente bem. O mundo físico e o mundo espiritual não se dividem para mim. Só dessa forma eu consigo me sentir bem pra me comunicar com autonomia através das minhas canções”, confessa o compositor.
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